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Zilda Souza

E agora? Meu SÓCIO e eu não conversamos mais!

Para muitas empresas, este tema pode parecer surreal, mas, em contrapartida, para outras essa é uma dura realidade!

Por perceber que isso não é um fato isolado, decidi escrever algo sobre!

Quando nasce uma sociedade, geralmente tudo são flores, mil sonhos, mil ideais, mil projetos enfim, é só alegria.

Muitas sociedades terminam restando somente um sentimento amargo aos parceiros. Mas por que será que isso ocorre?

Obviamente, muitos são os fatores que influenciam para que ocorra um distanciamento entre os sócios, porém, vou me ater especificamente no que acredito ser mais comum ou pelo menos o que tenho visto mais intensamente!

A verdade é que no início ambos tinham os mesmos objetivos (ou pelo menos deveriam ter); mas com o decorrer do tempo, podem surgir as agruras do ofício, as situações inesperadas, as dificuldades, mas, ainda que a empresa esteja estável, muitos sócios podem começar a se estranhar.

Vejamos:

  • às vezes uma tomada de decisão isolada por uma das partes, ou não apropriada aos olhos do outro, já é um bom motivo para isso;
  • acreditar que um trabalha mais que o outro;
  • um deseja impor regras rígidas aos colaboradores, enquanto o outro é mais flexível;
  • um deseja agir de uma forma com os clientes, o outro deseja outra;
  • um pensa em inovar, mas o outro prefere continuar onde está;
  • questões como horários e viagens particulares;
  • ausência de  comportamento ético por parte de algum sócio;
  • retiradas excessivas, pagamentos de contas e serviços pessoais pela empresa;
  • enfim, a verdade é que as diferenças entre as formas de gerir o negócio, os valores pessoais de cada um, os interesses, os objetivos gritam mais alto e geralmente começam a alimentar algo muito delicado: a desconfiança e esquecem-se do propósito inicial.

Ambos podem ter suas razões em determinados assuntos, mas preferem não colocar as cartas na mesa e acabam gerando um clima de indiferença e desconfiança, sendo obviamente, perceptivo aos colaboradores.

Reflexos nos colaboradores

Não percebem o quanto suas atitudes refletem nesses que estão ali presenciando tudo, quer seja uma discussão, indiferença ou críticas.

É preciso ter consciência de que os colaboradores não devem ser envolvidos nas “diferenças” entre os sócios; estes devem ser poupados de qualquer animosidade que possa estar existindo entre os proprietários. Como diz um ditado, não se deve lavar a roupa suja diante de terceiros!

A importância do diálogo

Infelizmente muitos não se dão conta de que falta o fundamental em qualquer relação saudável: o diálogo!

Ignoram ou simplesmente não se atêm que não falar sobre as diferenças, não assumir que existe algo mal resolvido, só aumenta o problema; até porque toda situação mal resolvida sempre se repete, justamente porque não foi resolvida!

Esquecem-se de algo que deu vida a sociedade que é a própria empresa!

O ideal é que os sócios realizem reuniões pelo menos mensais, onde cada um explane as dificuldades e êxitos de sua área, para que juntos identifiquem os gaps e criem estratégias para resolução dos problemas.

Diante das diferenças

Diante das diferenças, não devem simplesmente passar por cima e deixar a questão não resolvida e ir “empurrando com a barriga”, mas sim ouvir e buscar um meio termo, onde o bom senso fale mais alto!

Até por não expressarem os sentimentos em relação ao outro, geralmente encontram um colaborador de confiança para cruz e despejam para este seus pensamentos, críticas com relação ao outro, o que além de não pegar bem, denota um grande desrespeito para com o sócio.

As diferenças com certeza irão surgir no decorrer do tempo, mas é preciso diálogo, respeito, transparência, cumplicidade para se chegar a um denominador!

A ausência de diálogo

A ausência de diálogo implica inclusive na questão do orgulho. Vemos muitos casos em que um não procura o outro para conversar porque o orgulho não permite e este é colocado acima dos interesses da empresa, ou ainda, se alega que o outro não sabe conversar, não compreende, então, o melhor é cada um remar o seu barco. E aí está outro ponto importante, esquecem-se de que o barco é o mesmo e que estão nele juntos; de nada adianta um remar para um lado e o outro para outro, ambos estão na direção e devem manter o controle do barco, até porque onde quer que este barco chegue, a responsabilidade será de ambos.

Vale mais uma vez lembrar que, infelizmente, em meio a toda conturbação, há os colaboradores, presenciando, sentindo, ouvindo e percebendo tudo. Excelentes profissionais acabam se desmotivando porque a estrutura, o esteio da empresa está enfraquecido, se rompendo.

Quantos colaboradores mal entram na empresa e já desejam sair, pois percebem o clima tenso e aí a direção diz:

– Não sei por que não para gente aqui, pago bom salário, bons benefícios, entre outras coisas.

Eles nem se dão conta de que os profissionais buscam muito mais que isso, desejam empresas saudáveis para se trabalhar, onde possam crescer, se desenvolver. Que futuro podem visualizar em uma empresa onde nem a direção está sabendo para onde está indo! Simplesmente estão se deixando levar em meio a uma série de embates.

Recomeçar

Sempre é possível recomeçar, porém, para isso, é necessário primeiramente disposição interna para compreender o outro, ainda que não aceite sua forma de ser, pensar e agir, mas aprender a respeitar as diferenças e procurar em meio a tudo isso o melhor para todos, o equilíbrio, a solução, desfrutando do bom senso. Não se pode jamais esquecer de que a vida é feita de escolhas e somos responsáveis pelas que fazemos em nossas vidas e que por mais difícil que seja para pessoa ao lado, há um motivo para estarem naquele barco juntos. Entretanto, cabe a cada um escolher nadar e morrer  na praia sozinho ou, se juntos, tentam vencer as mazelas, as diferenças, buscando assim tornarem-se pessoas melhores.

É preciso tomar consciência de que uma sociedade, como todo relacionamento, pode ter seus altos e baixos, mas é fundamental cultivar e manter o respeito, não julgar, tirar conclusões precipitadas dos motivos que levam o outro a agir de tal forma. É importante conversar sobre tudo o que diz respeito à empresa, tentando sempre buscar uma solução plausível para um bem maior, o bem da empresa e de todos que dela fazem parte.

Regra básica

A regra básica é

√ Ao sentirem-se incomodados, conversem;

√ Ao sentirem-se decepcionados, conversem;

√ Ao sentirem-se traídos, conversem;

√ Ao sentirem-se irritados, conversem;

√ Ao sentirem-se bem, também conversem.

Conversem sempre, definam os papéis de cada um, os objetivos para a empresa, as estratégias.

Tentem não se incomodarem com pouco, muitas vezes as pessoas estão tão “sensíveis” umas com as outras que qualquer coisinha já se torna um motivo para grandes discussões e julgamentos. Aprendam a relevar, compreenderem e respeitarem.

Lembre-se

Muitas vezes o comportamento do outro só tende a mudar quando este toma consciência de que está inadequado; caso isso não seja apontado, ele pode simplesmente continuar a acreditar que está certo e, assim, nada muda.

Mantenham o diálogo entre vocês, ainda que seja difícil para dar o primeiro passo, este é o mínimo que vocês podem fazer pela empresa e por vocês mesmos!

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